Uma pesquisa realizada pelo Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, disponibilizada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), trouxe dados alarmantes sobre a incidência de acidentes de trabalho no Brasil. De acordo com o levantamento referente ao ano de 2022, o país registrou 612,9 mil notificações de acidentes relacionados à jornada profissional, resultando em 148,8 mil benefícios concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Além disso, o número de óbitos por acidente de trabalho atingiu a preocupante marca de 2.538 no mesmo período.
Os dados por estados mostram que São Paulo liderou o ranking com o maior volume de notificações de acidentes de trabalho, totalizando 204.157 casos, o que representa 35% do total nacional. Minas Gerais aparece em segundo lugar, com 63.815 notificações, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 50.491 casos.
Analisando as cidades, a capital paulista se destacou com 51.233 notificações, seguida pelo Rio de Janeiro com 18.747 e Belo Horizonte com 11.776. O procurador do Trabalho Luciano Leivas observou que esses números absolutos refletem a distribuição da população economicamente ativa no país, concentrando-se nos estados e municípios mais populosos e com maior empregabilidade.
Um ponto relevante na pesquisa foi o destaque dado aos trabalhadores da área da saúde, que concentram uma parte significativa dos acidentes de trabalho, representando 10% das notificações feitas ao INSS. Nesse setor, a atividade de atendimento hospitalar é a que mais registra acidentes de trabalho, somando 603.631 casos de 2012 a 2022. Entre as profissões do ramo da saúde, os técnicos de enfermagem lideram as estatísticas, acumulando 313.654 acidentes de trabalho no mesmo período.
O procurador do Trabalho, Luciano Leivas, ressaltou que a área da saúde possui peculiaridades em relação à notificação de acidentes, e embora haja dados mais próximos da realidade, ainda existe subnotificação em alguns serviços do setor hospitalar.
A prevenção de acidentes de trabalho também foi abordada na pesquisa, com o destaque dado à atuação do Ministério Público do Trabalho, que atua tanto de forma repressiva quanto preventiva. A abordagem repressiva ocorre quando o acidente já aconteceu, e o MPT trabalha em conjunto com os centros de Referência em Saúde do Trabalhador para instaurar inquéritos civis e fiscalizar o gerenciamento dos riscos nos ambientes de trabalho.
Já a abordagem preventiva busca a promoção da saúde do trabalhador através de projetos nacionais temáticos. Alguns desses projetos incluem o fortalecimento da saúde do trabalhador no Sistema Único de Saúde (SUS), combate à subnotificação de acidentes, banimento do amianto como matéria-prima da indústria nacional, entre outros.
A questão da segurança e medicina do trabalho também foi ressaltada, e a importância da conscientização tanto das empresas quanto dos trabalhadores na adoção de práticas seguras para evitar acidentes. A adoção de equipamentos de proteção individual (EPIs) é uma prática importante, mas a cultura de prevenção de acidentes deve ir além disso, abrangendo treinamentos, exercícios de ginástica laboral, entre outras ações.
Em meio às comemorações do Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, as informações trazidas pela pesquisa servem como alerta para a necessidade de investir em medidas efetivas de prevenção e segurança nas empresas, a fim de proteger a saúde e a integridade dos trabalhadores brasileiros.
Com informações: Fernando Kopper
Fonte: Agência Brasil
