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Última onça-pintada em liberdade no RS é avistada no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas
Publicado em 15/05/2025 14:52
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A última onça-pintada em liberdade no Rio Grande do Sul foi avistada ao anoitecer de quarta-feira (14) no Parque Estadual do Turvo, localizado no município de Derrubadas, na fronteira com a Argentina. O registro foi feito pelo biólogo e guarda-parques Carlos Neimar Kuhn, de 42 anos, e representa um marco importante para a conservação da espécie no Estado.
Conhecida como Yaboti — nome que remete à reserva florestal argentina localizada do outro lado do Rio Uruguai —, a onça avistada é um macho de aproximadamente 10 anos, considerado um dos maiores já registrados em território gaúcho. O felino circula entre o Brasil e a Argentina utilizando como corredor ecológico a Reserva da Biosfera Yaboti e o Parque Provincial Moconá, ambos no lado argentino, e não encontra barreiras no Rio Uruguai, já que é um nadador habilidoso.
— Tenho oito anos como guarda-parques e nunca tinha visto ela pessoalmente, só por vídeos de armadilhas fotográficas. É uma emoção e tanto — relatou Kuhn. Segundo ele, o animal caminhava tranquilamente pela estrada, à frente da viatura, sem demonstrar medo. Em seguida, adentrou na mata, onde foi possível realizar o registro com segurança.
A observação complementa os dados obtidos por armadilhas fotográficas instaladas em pontos estratégicos do parque, que monitora o animal regularmente. O último registro havia ocorrido em 28 de abril. Anos atrás, estimava-se a presença de ao menos quatro onças na região, mas atualmente apenas Yaboti tem sido avistado. A suspeita é de que as demais tenham sido vítimas de caçadores clandestinos, embora exista a possibilidade de que tenham migrado definitivamente para as matas mais densas do lado argentino.
A onça-pintada é considerada um predador de topo e desempenha papel fundamental no equilíbrio dos ecossistemas. Com hábitos noturnos, é solitária, territorial e está classificada como espécie ameaçada de extinção pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). No Rio Grande do Sul, há outros indivíduos da espécie, mas todos em cativeiro.
Para reverter esse cenário, o Parque Estadual do Turvo, com apoio do Ibama e da Divisão de Unidades de Conservação (DUC/Sema), está desenvolvendo um projeto de repovoamento. A iniciativa prevê a realização de estudos técnicos e genéticos para a possível introdução de uma fêmea, com o objetivo de estimular a reprodução e consolidar uma população residente no local.
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema) reforça a importância da cooperação binacional para a preservação da espécie e destaca que o registro de Yaboti demonstra a relevância do Parque Estadual do Turvo como refúgio para a fauna ameaçada do bioma Mata Atlântica.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
 
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