Alagamentos, deslizamentos, destelhamentos, colapso de edificações, pessoas desalojadas e desabrigadas. Esses são alguns dos impactos das fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde a segunda-feira (16). De acordo com boletim da Defesa Civil divulgado na manhã desta quarta-feira (18), mais de 50 municípios já registraram danos. A maioria dos desalojados está na região central, especialmente devido à elevação do nível do rio Jaguari. Já são dois óbitos confirmados e uma pessoa continua desaparecida.
Jaguari, na região central, é um dos municípios mais afetados. A cidade enfrenta uma das piores enchentes de sua história, segundo a MetSul Meteorologia. Na noite de terça-feira (17), o prefeito Igor Tambara (MDB) decretou estado de calamidade pública. Cerca de mil moradores foram atingidos e quatro famílias ilhadas em áreas rurais foram resgatadas por helicóptero, incluindo um casal de idosos.
As duas mortes ocorreram em Candelária — onde uma mulher de 54 anos faleceu — e em Nova Petrópolis, onde um jovem de 22 anos morreu após o carro em que estava ser arrastado pela força da água. A estrutura da ponte entre Caxias do Sul e Nova Petrópolis cedeu parcialmente. A vítima foi retirada do veículo pelos Bombeiros Voluntários. O desaparecido é um homem de 65 anos, também morador de Candelária.
Até o momento, 51 municípios reportaram ocorrências, como casas invadidas por água, pontes danificadas, estradas obstruídas e deslizamentos de terra. Entre os casos de desalojados e desabrigados estão:
Jaguari: 600 desalojados e 600 desabrigados
Santa Maria: nove desabrigados e 178 afetados
Santa Cruz do Sul: seis desabrigados e 120 desalojados
Encruzilhada do Sul: 30 desalojados e 150 afetados pelo transbordamento do córrego Lava Pés
Cachoeira do Sul: 13 desabrigados e sete desalojados
Arvorezinha: duas pessoas desalojadas
São Gabriel: cinco famílias removidas das áreas ribeirinhas
Região Metropolitana
Na Grande Porto Alegre, os volumes de chuva registrados nas últimas 24 horas até as 6h desta quarta-feira chegaram a:
O transporte público foi afetado. Os trens da Trensurb operam apenas entre as estações Farrapos e Novo Hamburgo, por causa de alagamento na região entre São Pedro e Farrapos. Ônibus emergenciais gratuitos estão fazendo o trajeto até o centro de Porto Alegre.
Na capital gaúcha, há 13 pontos com acúmulo de água e bloqueios totais, além de 17 cruzamentos com semáforos inoperantes por falta de energia elétrica. A EPTC informou ainda que há 11 pontos com bloqueios parciais e oito cruzamentos com semáforos fora de operação.
As universidades também foram impactadas. A UFRGS flexibilizou as atividades presenciais no turno da manhã desta quarta-feira. Já a UFSM suspendeu as aulas em Santa Maria e Cachoeira do Sul.
A MetSul alerta para a elevação dos níveis dos rios nos próximos dias, com volumes que podem chegar a 150 mm só nesta quarta-feira em regiões do Centro, Vale do Rio Pardo e entorno da Lagoa dos Patos. O Guaíba pode subir rapidamente no fim de semana, com risco de alagamentos nas ilhas de Porto Alegre, Praia de Paquetá (em Canoas), Alvorada e na zona norte da Capital, devido à vazão do rio Jacuí.
Pronunciamento do governador
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o governador Eduardo Leite afirmou que o acumulado em algumas regiões pode chegar a 450 milímetros. Ele explicou que, embora a situação seja grave, está distante da tragédia de maio de 2024, quando acumulados ultrapassaram mil milímetros. “É impossível não ter transtornos”, disse Leite. Segundo ele, cerca de duas mil pessoas estão atualmente desalojadas ou desabrigadas no estado.
A Defesa Civil segue monitorando a situação e orienta a população a buscar abrigo em locais seguros e evitar áreas de risco. A previsão é de que a chuva persista até sexta-feira (20).
Com informações: Jornalista Fernando Kopper