A MetSul Meteorologia divulgou, nesta quinta-feira (19), uma análise detalhada da situação hidrológica no Rio Grande do Sul, apontando que a cheia do Rio Jacuí tende a ser a mais severa entre os principais rios do estado nos próximos dias. Segundo o boletim, inundações significativas devem ocorrer ao longo da bacia, especialmente entre Cachoeira do Sul, o Vale do Rio Pardo, a Região Carbonífera e o delta do Jacuí, em Eldorado do Sul, onde o rio desemboca no Guaíba, em Porto Alegre. A previsão é que o pico de vazão avance até Eldorado do Sul entre três e quatro dias.
O Rio Uruguai, na Fronteira Oeste, também preocupa. A cheia será mais intensa ao sul de São Borja, particularmente na área abaixo da confluência com o Rio Ibicuí, que também está em cheia e recebe volumes expressivos de água das chuvas no Centro do estado — com acumulados que variam de 400 mm a 500 mm em alguns pontos.
No Vale do Caí, o nível do rio atingiu 12,7 metros ao amanhecer em São Sebastião do Caí — bem acima da cota de inundação de 10 metros — e seguia em elevação, com expectativa de pico entre 13 e 14 metros, considerado uma cheia de média a grande proporção. Montenegro e outras cidades da bacia devem ser atingidas na sequência.
No Vale do Taquari, o rio marcava 22,7 metros em Lajeado nesta manhã, ultrapassando a cota de inundação de 19 metros, e continuava subindo. A tendência é que o pico se aproxime de 24 metros ainda nesta quinta, embora haja alerta para um possível repique na sexta-feira devido à continuidade da chuva nas regiões do Planalto Médio e dos Campos de Cima da Serra.
O Rio dos Sinos também enfrenta cheia, influenciado pelas fortes chuvas nas nascentes e pelo aumento da vazão do Rio Paranhana, que ultrapassou a cota de alerta em Três Coroas e Igrejinha. A elevação do nível em Taquara tende a agravar a situação do Sinos, com risco de alagamentos no vale e em cidades como Sapucaia do Sul, Esteio e Canoas no final desta semana e início da próxima.
Embora os acumulados não sejam extremos no Litoral Norte, o Rio Gravataí também apresenta risco de inundação entre Gravataí e Cachoeirinha entre esta quinta e sexta-feira. O aumento do nível do Guaíba, com previsão de cheia e alagamentos nas ilhas, poderá represar o Gravataí e também o Arroio Feijó, afetando áreas do Norte de Porto Alegre (como o bairro Sarandi) e Alvorada.
A MetSul destaca que os mapas hidrológicos indicam situação mais crítica na faixa central do estado, especialmente nas bacias dos rios Jacuí, Ibicuí, Vacacaí Mirim, Jaguari, Santa Maria, Ibirapuitã e Camaquã. A última, localizada a oeste da Lagoa dos Patos, também apresenta risco elevado diante da previsão de chuva intensa na sexta-feira.
Nesta quinta, a instabilidade se concentra mais ao Norte do estado, em regiões como o Noroeste, o Médio e Alto Uruguai, o Planalto Médio, a Serra e os Campos de Cima da Serra — justamente onde nascem os rios que seguem em elevação. Na Metade Sul, o tempo permanece nublado, mas sem chuvas significativas na maior parte do dia.
Amanhã, uma área de baixa pressão avança de Oeste para Leste, trazendo nova rodada de chuvas generalizadas e risco de volumes localmente altos, sobretudo no entorno da Lagoa dos Patos e nas regiões Sul e Leste. No sábado, o tempo finalmente começa a firmar com a chegada de ar mais seco e frio, trazendo sol para a maior parte do território gaúcho — condição que deve se manter também no domingo.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper