Diante do avanço das mudanças climáticas e da recorrência de desastres naturais como enchentes e deslizamentos, sete municípios do Vale do Taquari decidiram revisar seus planos diretores. A proposta é reordenar a ocupação do solo urbano, ampliando áreas seguras para habitação e restringindo construções em regiões de risco. A iniciativa é resultado de uma parceria entre as prefeituras, o governo estadual e a Universidade do Vale do Taquari (Univates).
As cidades de Arroio do Meio, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Muçum e Roca Sales firmaram convênio para receber apoio técnico na reformulação de seus instrumentos de planejamento urbano. A previsão é de que as novas propostas sejam concluídas em novembro e encaminhadas aos legislativos municipais ainda neste ano. Lajeado, maior cidade da região, também solicitou à universidade a elaboração de mapas de risco para orientar ajustes em sua legislação urbanística.
Relatórios preliminares já apontam que mais de 30% das áreas urbanas dessas cidades estão sob risco médio ou elevado de enchentes ou deslizamentos. Em Muçum, o número sobe para 59%. Em Colinas, chega a 42%. O objetivo central é evitar que novas moradias sejam construídas em locais vulneráveis, ao mesmo tempo em que se discute a ampliação vertical em áreas mais seguras, como ocorre em Encantado, onde 33% da cidade estão em zonas de risco.
A diretora de Planejamento Urbano da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Urbano, Tassiele Francescon, destaca que o material entregue até agora pela Univates serve de base para decisões estratégicas. Já a coordenadora técnica do projeto, Izabele Colusso, ressalta que a fase de audiências públicas já foi realizada e a próxima etapa será o desenho das novas diretrizes urbanísticas.
Em Cruzeiro do Sul, parte do território que foi destruída pela enchente de maio de 2024 está sendo destinada à construção de um parque urbano, no bairro Passo de Estrela, que perdeu mais de 200 casas. A ideia é transformar a área devastada em espaço de uso coletivo, com infraestrutura de lazer, contemplação, esporte e um memorial. A limpeza do local, resultado de acordo entre o município e o Estado, já está na fase final. Os escombros das casas estão sendo reciclados para uso em obras públicas.
Além da revisão dos planos diretores, as prefeituras também planejam a formulação de planos setoriais, como os de mobilidade urbana e habitação. A conclusão desse processo está prevista para março de 2026. O Estado, por sua vez, deve licitar um estudo aprofundado da bacia hidrográfica do Taquari-Antas, com o objetivo de encontrar soluções estruturais e não-estruturais para mitigar os efeitos das cheias, como a construção de bacias de contenção.
Com geografia acidentada e forte urbanização nas margens do Rio Taquari, a região aposta no planejamento preventivo como forma de proteger vidas e garantir moradia segura para as próximas gerações.
Com informações: Jrnalista Fernando Kopper