O Rio Grande do Sul deve enfrentar mais um episódio crítico de chuva neste fim de semana, com volumes elevados especialmente concentrados na Metade Norte do estado. A MetSul Meteorologia alerta que, entre este sábado (28) e domingo (29), algumas localidades podem registrar de 75% a 100% da média de precipitação prevista para todo o mês de junho em apenas dois dias, elevando novamente o risco hidrológico no estado.
A sexta-feira começou com tempo firme e rios em declínio em diversas regiões, com exceção do rio Uruguai na Fronteira Oeste. No entanto, uma mudança significativa no tempo é esperada ao longo do sábado. A instabilidade será provocada inicialmente pelo choque entre ar mais quente em altitude, vindo do Paraná e de Santa Catarina, com o ar frio que ainda predomina no Sul do país. Na sequência, a formação de uma área de baixa pressão na costa, associada à chegada de uma nova massa de ar frio, irá organizar uma frente fria que trará chuva mais forte à Metade Norte gaúcha.
A instabilidade deve começar ainda na manhã de sábado por pontos da Metade Norte e ganhar força da tarde para a noite, atingindo a maior parte do estado, com exceção da faixa próxima à fronteira com o Uruguai. No domingo, a frente fria avança e intensifica as precipitações, especialmente durante a madrugada e a manhã, com tendência de diminuição à tarde e à noite. A segunda-feira deverá registrar a entrada de ar mais frio, com predomínio de sol, mas ainda com possibilidade de nuvens e chuva fraca passageira em áreas do Leste e Nordeste.
As áreas que concentram maior risco de chuva intensa incluem Missões, Noroeste, Planalto Médio, vales, Serra, Campos de Cima da Serra e Litoral Norte. Nessas regiões, os acumulados podem variar entre 50 mm e 100 mm de forma generalizada, com pontos isolados superando 150 mm. Há risco de alagamentos, inundações repentinas e deslizamentos de terra, especialmente em encostas e áreas urbanas com drenagem comprometida.
Na Região Metropolitana, os modelos reduziram os volumes inicialmente projetados. A previsão atual indica acumulados entre 30 mm e 75 mm entre sábado e domingo, sendo maiores em cidades como Campo Bom e Novo Hamburgo e menores em Guaíba e Barra do Ribeiro. Mesmo com essa revisão, o risco de alagamentos permanece, principalmente porque arroios seguem represados pelo Guaíba, que continua em nível muito elevado.
Os altos volumes de chuva previstos para o fim de semana devem agravar novamente a situação dos principais rios que cortam o estado, principalmente aqueles com nascentes na Serra e no Litoral Norte. A MetSul alerta para a elevação significativa nos rios Uruguai, Taquari, Caí, Paranhana, Sinos e Gravataí. O rio Taquari, além de sua bacia direta, recebe vazão do Planalto Médio, onde os acumulados também serão expressivos.
Já o rio Jacuí, que tem nascentes no Norte, deve voltar a subir, embora sem atingir os níveis das cheias anteriores, uma vez que a parte central da bacia, no Centro do estado, terá precipitação mais moderada.
Como o Guaíba recebe água de todos esses rios, a expectativa é de nova elevação significativa entre terça e quinta-feira da próxima semana. Mesmo com o nível atual mais baixo, o retorno da vazão deve provocar nova subida, com projeções que variam entre 3 metros e até 3,50 metros no Cais Mauá, em Porto Alegre.
As áreas mais vulneráveis incluem Canoas (com atenção à praia de Paquetá), Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada, especialmente nos trechos finais das bacias dos rios Sinos, Gravataí e Jacuí. O represamento dessas águas pelo Guaíba ainda alto pode agravar a situação urbana. Soma-se a isso o vento muito forte previsto para domingo na Lagoa dos Patos e o vento Sul que deve atuar durante parte da próxima semana, o que pode dificultar o escoamento das águas.
Apesar da gravidade da situação, a MetSul enfatiza que os volumes não devem causar uma repetição dos eventos extremos de maio de 2024. Ainda assim, os impactos nas áreas mais sensíveis podem ser severos e exigem atenção redobrada da população e das autoridades locais.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper