A enxaqueca crônica é uma condição neurológica debilitante que atinge cerca de duas em cada 100 pessoas em todo o mundo. Caracteriza-se por crises frequentes de dor de cabeça que ocorrem em 15 ou mais dias por mês, durante um período superior a três meses. Em pelo menos oito desses dias, os sintomas apresentam as características típicas da enxaqueca: dor latejante, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz (fotofobia) e ao som (fonofobia).
Segundo especialistas, a enxaqueca é uma doença de origem genética, com episódios que variam em intensidade e frequência. Embora não seja uma enfermidade fatal, ela está entre as principais causas de incapacidade no mundo, afetando negativamente a vida pessoal, o desempenho profissional e o bem-estar geral dos pacientes.
O que é enxaqueca?
Trata-se de uma condição hereditária que se manifesta ao longo da vida por meio de crises com diversos sintomas. Algumas pessoas apresentam episódios esporádicos, enquanto outras sofrem com ataques frequentes e incapacitantes.
Sintomas mais comuns
Além da dor de cabeça pulsátil, a enxaqueca pode provocar dificuldade de concentração, irritabilidade, rigidez na musculatura do pescoço, náuseas, enjoo, vômitos e hipersensibilidade a estímulos ambientais como luz, barulho, movimento e odores. Alguns pacientes relatam desejo súbito de ingerir doces antes das crises.
Causas
A base da enxaqueca é genética, mas fatores ambientais e hábitos de vida influenciam na frequência e gravidade das crises. Ainda que não seja causada por um único gene, o risco de desenvolver enxaqueca pode ser herdado de forma multifatorial.
Diferença entre cefaleia e enxaqueca
Cefaleia é o termo técnico para “dor de cabeça” e pode estar associada a diversas causas, como infecções ou traumas. Já a enxaqueca é uma condição específica que, além da cefaleia, inclui sintomas neurológicos adicionais e requer abordagens terapêuticas distintas.
Tipos de enxaqueca
Crônica: mais de 15 dias de dor por mês.
Com aura: precedida por alterações visuais ou sensoriais.
Vestibular: com vertigem e tontura.
Hemiplégica: rara, com paralisia temporária de um lado do corpo.
Diagnóstico
É clínico, baseado na história e sintomas do paciente. Exames de imagem, como tomografia e ressonância magnética, geralmente não indicam alterações, pois o cérebro não apresenta lesões estruturais na enxaqueca.
Tratamentos disponíveis
O tratamento pode ser dividido em duas frentes: preventivo e de crise. O preventivo é indicado para pacientes com episódios frequentes e pode incluir medicamentos como antidepressivos, anticonvulsivantes, anti-hipertensivos, toxina botulínica e anticorpos monoclonais anti-CGRP, já disponíveis no Brasil.
Para o alívio das crises, são utilizados analgésicos, anti-inflamatórios, triptanas e outros fármacos específicos. Novas classes de medicamentos, como os “gepants”, também têm demonstrado eficácia em estudos internacionais.
Estilo de vida e alimentação
Especialistas recomendam cuidados como manter uma boa higiene do sono, hidratação adequada, não pular refeições e praticar atividades físicas regulares. Embora alimentos como chocolate e cafeína sejam frequentemente apontados como gatilhos, estudos mostram que eles podem ser apenas parte do início dos sintomas — e não necessariamente a causa.
A enxaqueca é perigosa?
A enxaqueca não é fatal, mas pode comprometer significativamente a saúde mental e física. Casos não tratados podem levar à dependência de medicamentos, insônia, ansiedade e depressão.
Com o avanço das pesquisas e a personalização dos tratamentos, é possível controlar a doença e melhorar consideravelmente a qualidade de vida dos pacientes. A conscientização sobre os sintomas e a busca por diagnóstico precoce são fundamentais para lidar com essa condição que, apesar de comum, ainda é subestimada.