No último sábado, 21 de junho, durante a edição do programa Super Sábado da Rádio Cidade FM 98,3, apresentado pelo jornalista Francisco Darol, o especialista em mecânica automotiva e eletrônica Cláudio Rosso, proprietário da CBR Soluções Mecânicas, falou detalhadamente sobre a importância da suspensão automotiva, principalmente em períodos de chuva, quando as condições das estradas exigem mais atenção dos motoristas.

Cláudio iniciou a conversa dando um bom dia aos ouvintes e ressaltando a retomada das atividades após um breve período de férias. Ele explicou que o tema escolhido para a conversa era essencial, especialmente diante do aumento dos acidentes observados nas últimas semanas devido às condições climáticas adversas. Segundo ele, a suspensão automotiva não deve ser encarada apenas como um item de conforto, mas, principalmente, como um sistema fundamental para a segurança do veículo e seus ocupantes.

A suspensão automotiva e sua função primordial

“Quando falamos em suspensão, muita gente pensa só no conforto, mas ela é muito mais do que isso. Ela é o elo de ligação entre a roda, que está em contato com o solo, e a carroceria do carro, onde está o condutor. A suspensão tem como principal função garantir que os pneus mantenham aderência constante com o solo, o que proporciona estabilidade, segurança na frenagem e melhor dirigibilidade”, explicou Cláudio.

Ele detalhou que o componente mais conhecido da suspensão é o amortecedor, responsável por controlar o movimento das molas e evitar que o veículo “quique” excessivamente. Um amortecedor em boas condições mantém as rodas aderidas ao solo, evitando que o carro perca estabilidade em alta velocidade ou em terrenos irregulares, como ocorre frequentemente em dias de chuva.

Tipos de peças para suspensão: qualidade e durabilidade

Durante o programa, Cláudio esclareceu as diferenças entre os três principais tipos de peças disponíveis para manutenção da suspensão: as peças genuínas, que saem diretamente da linha de montagem da fábrica e garantem a qualidade máxima; as peças originais, que são de boa qualidade e muito utilizadas em oficinas; e as peças paralelas, que são versões genéricas, geralmente mais baratas, mas que oferecem menor durabilidade e podem comprometer a segurança.

“É fundamental que o proprietário do veículo opte por peças de qualidade, principalmente para amortecedores, porque a segurança depende diretamente disso”, recomendou o especialista, destacando que o preço mais baixo pode custar caro em segurança e conforto.

Ele também falou que, embora os amortecedores tenham uma durabilidade prevista no manual do proprietário — normalmente de três a cinco anos — essa vida útil pode ser reduzida por fatores como condições severas de uso, estradas ruins, buracos e velocidades elevadas.

Diagnóstico simples para verificar a suspensão

Cláudio compartilhou com o público uma dica prática para que os motoristas possam avaliar se o amortecedor do veículo está em bom estado: “Basta pressionar o carro para baixo, em uma das laterais, e observar como ele retorna. Se o carro voltar suavemente e não ficar balançando, o amortecedor está bom. Se ficar quicando, é sinal de que ele já não está funcionando corretamente”.

Ele alertou ainda que amortecedores com vazamento de óleo precisam ser substituídos imediatamente, pois não há reparo para essa peça. Manter o amortecedor em condições ruins compromete todo o sistema de suspensão, além de aumentar o desgaste dos pneus.

Componentes que compõem a suspensão

Além do amortecedor, a suspensão conta com vários outros componentes que garantem seu funcionamento correto e seguro. Cláudio explicou que na oficina CBR Soluções Mecânicas, durante a revisão, são verificados itens como molas, coxins (peças que amortecem o contato entre carroceria e suspensão), batentes, bieletas, pivôs, buchas de suspensão e balanças.

Ele explicou que o sistema de direção está diretamente ligado à suspensão, incluindo terminais, caixa e setor de direção, e que folgas ou desgaste em qualquer dessas peças podem causar instabilidade, desgaste irregular dos pneus e perda de controle do veículo.

“Quando a suspensão está com folgas, o volante pode começar a trepidar e o carro perde estabilidade, o que é muito perigoso, principalmente em curvas e em pisos molhados”, ressaltou.

Relação entre suspensão, pneus e aquaplanagem

O especialista destacou também a relação direta entre a suspensão, o estado dos pneus e o fenômeno da aquaplanagem. “A aquaplanagem acontece quando o pneu não consegue escoar a água da pista, fazendo com que o carro perca contato com o solo e deslize descontroladamente. Isso é agravado por pneus desgastados, velocidade alta e suspensão comprometida”, explicou.

Ele comentou que veículos com pneus maiores (como aro 16 ou superior) tendem a ter mais estabilidade pela maior área de contato com o solo, enquanto veículos leves correm maior risco de aquaplanagem por terem menos peso sobre os pneus.

Inovações no mercado de peças: buchas de poliuretano

Outro ponto abordado por Cláudio foram as buchas de suspensão feitas de poliuretano (PU), um material que tem memória e alta durabilidade, muito superior às buchas tradicionais de borracha. Segundo ele, as buchas de PU são mais resistentes e mantêm a suspensão estável por muito mais tempo, porém seu custo ainda é elevado.

“Gostaria que todos os carros usassem essas buchas porque isso reduziria drasticamente os problemas com suspensão, mas infelizmente o custo ainda é alto”, ponderou.

Importância da manutenção preventiva para segurança

Cláudio finalizou reforçando que a suspensão é um sistema essencial para a segurança no trânsito e que os motoristas devem estar atentos a sinais de desgaste, como barulhos, trepidações, desgaste irregular dos pneus e instabilidade do volante. Ele recomendou que os proprietários realizem revisões periódicas com profissionais especializados para garantir que todos os componentes estejam em perfeito estado.

“A manutenção preventiva pode evitar acidentes graves, especialmente em dias de chuva, quando a aderência ao solo é mais difícil e a suspensão tem papel fundamental para a segurança”, concluiu.

Com informações: Jornalista Fernando Kopper

Entrevista: Francisco Darol